Já esperava que os embargos fossem acolhidos pelo ministro Celso de Mello. O que eu não supunha é que, com o perdão da palavra, seu voto fosse tão broxante. Um voto técnico e proferido de forma aparentemente medrosa.
Chamo a atenção a um detalhe. Ao final de seu pronunciamento, Mello arrolou, entre as razões da necessidade de acolhimento dos recursos, o próprio placar apertadíssimo na apreciação dessa questão. Oras! Ele sabe muito bem que esse empate só foi possível devido à substituição de três ministros - um, Toffoli na fase final do processo e outros dois, Tori e Barroso, após encerrado o julgamento. Se Carlos Alberto Menezes Direito (falecido antes do início do julgamento), Ayres Britto e Cesar Peluso estivessem no plenário esses embargos não teriam sido acatados de modo algum. Em suma, como cantava Orlando Silva, "uma saudade a mais, uma esperança a menos". Mello declarou que pretende se aposentar ainda esse ano. Se isso efetivamente acontecer, o Supremo, como na Venezuela, se tornará uma mera extensão do poder Executivo.
Facebook José Ruy Gandra