segunda-feira, 5 de outubro de 2009

QUERO DE VOLTA O MEU DIREITO DE IR E VIR!


Cada vez mais ouvimos nos noticiários casos de assaltos a ônibus. Como quase todo brasileiro, já vivi esta experiência alguns anos atrás. Num belo domingo de sol, eu fui me encontrar com minha turma na praia de Ipanema. Estava eu dentro de um ônibus circular da zona sul quando percebi alguns adolescentes, suspeitos, dispersos pelo ônibus. Um deles, que estava sentado, toda hora olhava para trás, depois é que eu fui entender que ele estava posicionando seus comparsas junto a pessoas que ostentavam objetos que pareciam ser de valor. Sem eu saber um deles estava de pé segurando nas barras do ônibus, fechando-me a passagem caso eu quisesse me levantar para saltar. Nesta época a roleta era atrás e eu estava sentada, na ponta, no primeiro banco à frente do trocador. A única preocupação que eu tinha é que eu estava com o meu cartão do banco na bolsa - já não me recordo se saquei dinheiro na ida ou na volta. Deve ter sido na volta pois estava com pouca quantia na bolsa, o suficiente para um dia de praia. Várias vezes pensei em me levantar e saltar, mas dizia para eu mesma: são apenas jovens menos favorecidos que também querem curtir uma praia. Quando entramos no túnel que liga a Barata Ribeiro à Raul Pompéia, pensei, é agora eles vão aproveitar para assaltar. Fiquei hiper atenta, mas o túnel passou e nada aconteceu. O meu instinto me mandava descer do ônibus no primeiro ponto - em frente a Sá Ferreira. Eu estava muito preocupada, mas ainda pensei, se eles não fizeram nada agora não farão mais. Ledo engano. Assim que o ônibus entrou na Rainha Elizabeth, com um leve assentimento de cabeça, por parte daquele que havia posicionado as pessoas, a ordem foi dada e o assalto começou... Imediatamente o capanga que se encontrava ao meu lado meteu a mão no meu colar, para arrancá-lo. Numa reação instintiva eu disse a ele: não precisa puxar, eu te dou o colar. Então ele disse: não dá tempo e arrebentou o meu colar e o levou saindo do ônibus. Todos os meliantes. tiveram o mesmo procedimento simultâneamente. Como eles saíram pela frente do ônibus, num rompante de pavor eu queria sair por trás - um deles ainda se encontrava no banco, ao meu lado, tentando abrir o colar de uma passageira que era muito grosso para ser puxado - e gritei com o trocador para me deixar passar pela roleta inversamente - o que naturalmente não era possível-ainda bem, pois isto só me levaria para a rua exatamente no lugar que eles corriam com os roubos. Cheguei à praia tremendo dos pés a cabeça e com o pescoço todo unhado. Levei muito tempo para me acalmar pela violência sofrida.
Tomei pavor de andar de ônibus. Passei a me sentir totalmente vulnerável dentro de um ônibus. Várias vezes saltei quando pressentia alguma coisa. Passei a dar total atenção ao meu inquietamento, sem motivo aparente.
E dizer que eu passei tudo isto por um colar chapeado - apenas não fica preto - e mais dois pingentes de valor apenas estimativo, pois eram apenas bijouterias. Um pequeno crucifixo de chapeado com strass e uma pequena santa, na cor azul, que uma amiga me trouxe de Paris, para me proteger.
Hoje ao menor sinal, salto do ônibus, mais isto já é uma outra história...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...